Nasceu em 1940 no Cairo. Seu pai, Hassan Fahmy, professor de
engenharia industrial na Universidade do Cairo, era um homem excepcionalmente
tolerante, que juntamente com sua esposa, estimulava as tendências artísticas e
atividades esportivas de suas filhas. Resistiu às críticas dos anciãos da
família e dos círculos acadêmicos quando permitiu que Farida se tonasse
bailarina profissional. Assim, ele desempenhou um papel importante na
legitimação da situação de dança profissional em um momento em que era
considerada uma profissão de má reputação. O incentivo moral da dança de
sua filha legitimou sua carreira de bailarina aos olhos dos egípcios e continua
sendo, até hoje, um feito extraordinário. Sem dúvida, a sua personalidade
carismática, sua posição social, bem como seus pontos de vista tolerantes
exerceram uma profunda influência sobre a percepção do público deste esforço.
É um ícone da dança e cinema egípcios. Foi cofundadora e
bailarina principal do Grupo Reda por 25 anos. Uma das responsáveis por elevar
a dança teatral egípcia a altos padrões de arte. Com seu estilo único, graça e elegância inspirou
gerações de bailarinos e ganhou a admiração de seu público, no Egito e no
exterior. Sua dedicação, trabalho duro, disciplina e compromisso com o grupo criou
um modelo que foi imitado por gerações de dançarinos.
Juntamente com seu cunhado Mahmoud Reda e o Grupo Reda, ela
realizou muitas viagens, atuando em mais de 60 países e participou de festivais
internacionais de dança, nos quais a trupe ganhou vários prêmios. Ela dançou
para os chefes de estados em diversos espetáculos culturais no Egito e no
exterior. O grupo Reda representou a arte, cultura e a dança teatral egípcios -
o primeiro de seu gênero a expressar a dança teatral egípcia a nível mundial e
para muitas audiências internacionais.
Em 1967 Farida foi condecorada pelo presidente Gamal Abdel
Nasser com a Ordem das Artes e Ciências pelos serviços prestados ao estado, em
1956, pelo rei Hussein, da Jordânia com a Estrela da Jordânia, e em 1973 pelo
presidente Bourguiba da Tunísia. Ela estrelou uma série de filmes egípcios,
assim como em dois grandes musicais, dirigidos por seu falecido marido Ali
Reda, estrelado por Mahmoud Reda e O Grupo Reda.
Farida continuou a perseguir a sua educação enquanto trabalhava
no Grupo Reda. Ela recebeu seu Bacharel em Artes em Inglês e Literatura na
Universidade do Cairo, em 1967, e seu título de Mestre em Artes em Etnologia de
Dança pela Universidade da Califórnia, em Los Angeles. Seu status social e sua
carreira artística, juntamente com suas realizações acadêmicas, reforçou ainda
mais a visão positiva em relação à dança feminina na época.
Farida Fahmy começou a dar aulas e workshops a partir de
2000, viajando extensivamente pela Europa, Estados Unidos e América do Sul. Seu
objetivo principal é ensinar os estudantes a essência desse gênero de dança, e
ter um conhecimento mais profundo das diferentes qualidades de movimento. Ela
enfatiza a necessidade de aumentar a consciência cinestésica para que o
bailarino possa desenvolver a própria dança a partir de suas experiências físicas
e emocionais.
Para estudar, observe a fluidez de sua dança, com
deslocamentos que proporcionam emendas perfeitas dos passos. Possui técnica
impecável e muita graciosidade, o que faz de seu estilo único.
Para complementar os estudo leia também sobre a história de Mahmoud Reda e da Trupe: http://dancadoventre-estudos.blogspot.com.br/2012/02/exemplar-historia-de-mahmoud-reda-e-sua.html
Algumas informações disponíveis a
respeito da vida de Naima Akef são muito controversas. Em função disso não
farei considerações a respeito das datas de nascimento e falecimento e
possíveis idades. Abordarei aqui somente temas comuns e de valia para o estudo
da dança.
Nasceu em Tanta, no Egito. Sua
família era circense e possuía o Circo Akef. Eles viajavam muito
fazendo turnês especialmente na Rússia. Por conta disso Naima começou sua
carreira muito cedo. Se envolvia em todos os tipos de profissões, jogos acrobáticos
e arte circense e se tornou a estrela mais talentosa do circo. Seu pai percebeu
seus dons, incentivou e reconheceu seus talentos.
Chegou a cantar e dançar, por algum
tempo, no famoso Cabaret de Badia Masabni. Seu talento como cantora e dançarina
logo fizeram dela uma das maiores e principais estrelas de lá, mas não
permaneceu por muito tempo.
Em 1957 foi nomeada melhor
dançarina de folclore do Youth Festival, realizado em Moscou. No Teatro
Bolshoi, havia uma foto em sua homenagem.
Naima foi descoberta primeiro pelo
diretor Abbas Fawzy que lhe apresentou seu irmão Hessein Fawzy. Ele
percebeu o talento dela e lhe deu papel principal pela primeira
vez em que Naima aparecia em um filme. Fawzy dirigiu mais de 15
filmes para Naima Akef. O diretor não pôde resistir a seus charmes e a relação
de trabalho tornou-se uma relação amorosa. Os dois casaram-se. Naima continuou
a florescer e logo se tornou a mais famosa atriz do cinema egípcio. Na’ema
Fawzi ingressou em um dos primeiros grupos folclóricos profissionais no país, Lail
Ya ayn Group, e contribui muito para o seu sucesso.
Ela foi muito bem sucedida
como atriz, era consciente do seu peso, sua forma física, não poupava
esforços nos ensaio. Dotada de grande técnica e estilo,
suas coreografias encantaram o cinema egípcio com sua arte de
canto, atuação e dança. Atuou em aproximadamente 30 filmes. Sua expressiva
dança, teve origem nas atuações acrobáticas sobre cavalos.
Frequentemente criava suas coreografias mas ficou muito famosa por
ser disciplinada e obediente aos seus treinadores.
Seu maior filme talvez tenha sido YaTamr Henna(também o nome de uma música popular), dirigido por seu marido,
no qual desempenhou o papel de uma jovem dançarina ghawazee. Dançou também um
sapateado em Ya Halawaat Al Hob
(1952). Seu primeiro filme em cores foi Amir
El Dahaa (1964).
Após ter se separado de
Hessein, ela se casou com seu contador e com ele teve um filho que começou
mais tarde a trabalhar com música.
Sua graciosa performance nunca era
vulgar. Naima cantou, dançou e atuou em diversos filmes, principalmente filmes
em preto e branco. A grande Nagwa Fouad denominou Naima Akef sua grande fonte
de inspiração. Nagwa usualmente dizia: “Naima se movimenta como mágica”.
A dança de Naima Akef explora oitos
seguidos de giros ou redondos grandes, chutinhos, arabesques, pernas altas,
cambres trabalho de braços, expressão e grande utilização de espaços com
marcações simples porém bonitas de quadril. Sua musicalidade e interpretação
dramática são imortais.
Naima faleceu acometida por um
câncer. Alguns datam de 23 de abril de 1966, outros de 1996.
Atual professora:Tânia Fernandes e Saisha Lis (Monara Emerik)
SOBRE A ALUNA:
O quê a motivou a
dançar?
É um sonho que tenho desde a infância!
Você já fez outro
tipo de dança além da desta em questão? Caso tenha, por quanto tempo você a(s)
praticou?
Fiz aulas de dança cigana há 2 anos e agora estou tendo aulas novamente.
Como a dança está
lhe ajudando(emocionalmente, fisicamente, psicologicamente)?
A dança é tudo para mim!!! Ela me ajuda na coordenação motora, postura,
auto-estima e me dá a sensação de liberdade!!!
Quais oportunidades
que você teve com a dança?
Tive a oportunidade de fazer parte de vários grupos, de fazer amizades, viagens
e conhecer novas pessoas!!!
Quais professoras
contribuíram para sua formação na dança do ventre?
Fatnah Uraeus, Kristinne Folly, Anne Nargis, Liz Cordeiro, Ju Najlah, Tânia
Fernandes e Saisha Lis!
Qual contribuição
de sua(s) professora(s)?
Minhas professoras contribuem para minha formação em aspectos como a
melhora da minha autoestima, da minha postura, percepção da ponta, divisão de
movimentos das partes do corpo, etc.
Quais suas
conquistas/superações e realizações?
Me sinto muito mais feminina. Descobri que sou capaz de fazer certos
movimentos que até então não acreditava conseguir!!
Quais são suas
atuais dificuldades na dança?
Tenho dificuldades com o equilíbrio, em manter ponta,e com a emenda de
movimentos.
Com quais
professores você já fez workshop e qual foi o que você mais gostou ou marcou
até agora; e por quê?
Zahra Li, Bailarina Suheil, Maria do Carmo Martins, Aischa Hortalle, Shaira
Sayaad, Vanessa Cabral!! Todas me ensinaram muito,não tenho como definir qual
delas é a melhor!! Todas foram de extrema importância para minha vida!!
Quais são suas
bailarinas favoritas(nacionais e /ou internacionais)?
Ju Marconato, Bailarina Suheil, Lulu Danças e Aryana Rebelo.
Um sonho na dança.
Aprender cada vez mais e ser uma ótima dançarina!!!
Shafiqah La Copta foi aluna da primeira bailarina de Dança Oriental egípcia, Shooq. Ela nasceu
em 1851 em "Shobra", subúrbio do Cairo, em uma família conservadora e
modesta. Há relatos de que tenha fugido de
casa à idade de 12 anos. Outras pessoas relatam que sua família ficou
escandalizada quando ela começou a pensar em dançar e que aos 19 anos de
idade saía de casa escondida dos pais para ter aulas com Shooq, dizendo que ia
a Igreja. Seus pais morreram quando ela ainda era jovem. Depois casou-se, e
viveu por um tempo sob circunstâncias pobres, tentando melhorar dançando nos
clubes. Sua primeira apresentação foi em festivais folclóricos. Depois começou
a dançar em casas noturnas. Era muito bonita e talentosa e alcançou a fama dançando
na boate "El Dorado".
Em 1871, ela dirigia um grupo de músicos e bailarinas. Em
1917, participou da primeira Feira Internacional, em Paris, onde se classificou
como primeira colocada.
Shafiqah La Copta já era uma lenda em seu tempo, na
década de 1920, e tornou-se a dançarina mais famosa e rica do Egito após o
falecimento de sua mestre, Shooq. Seus fãs lançavam moedas de ouro egípcias a
seus pés. Foi dito que ela chegou a usar pares de sapato de ouro e brilhantes.
Shafiqah La Copta inseriu na dança acessórios de
equilíbrio, como o candelabro e bandejas. E não só isso, ela abria espacates
durante a dança! Entre seus muitos admiradores havia ministros e outras pessoas
de influência.
trecho do filme sobre Shafiqa La Copta
Este período marcou o início da era de dançarinos famosos no
Egito. Bailarinos bem sucedidos começaram a abrir seus próprios clubes. Shaafiqa
abriu a casa "Alf Leyla", também conhecida como "1001 noites".
Sua influência não se limitou ao mundo da dança. Durante a
revolução de 1919, colaborou com revolucionários opositores ao domínio inglês.
Shafiqah La Copta tornou-se extremamente rica, mas seu
sucesso não trouxe só dinheiro. Ela também
gastava muito e tornou-se viciada em cocaína. Morreu desamparada, em 1926.
O filme "Chafika el Kebteya" ou "Shafika o
copta" de 1963, dirigido por "El Hassan IMAM" relata a história
desta lendária bailarina oriental. O filme conta com a participação de Rostom
Hind, Hassan Youssef, Zizi El Badrawi.
trecho do filme sobre Shafiqa La Copta
O nome dela você poderá ver escrito de diversas formas: Shafiqah
Alqebtieah, Shafiqa Al-Qibtiyya, Shafie'a
Qebtiyya, Chafika el Kebteya, Shafiqah al-Qutubiah, el Koptiyva ou Shafika o
copta.
Lulu from Brazil é paulistana, nascida em 1966. Iniciou seus estudos em
dança com Sherahzad, armênia residente no Brasil. Esta foi sua única professora
neste país.
Em 1985 fez suas primeiras apresentações na Casa de Chá Khan el Khalili.
Neste mesmo ano também casou-se com seu primeiro marido, proprietário da casa
de chá. O casamento e a parceria entre eles durou 21 anos. Durante este tempo
Lulu esteve a frente do ensino e da qualidade artística da casa, construindo
sua estrutura técnica e estilo. Lá iniciou sua carreira como professora, em
1990. A criação das aulas e do conteúdo didático era sua responsabilidade.
Juntos, Lulu e Jorge transformaram a casa de chá em um centro de referência de
dança do ventre, com apresentações diárias e produção de materiais exclusivos
para estudo.
Em 1993 promoveu grande festa na Khan el Khalili para celebrar seus 10
anos de dança, com um público estimado de 400 pessoas. O maior grupo reunido de
pessoas interessadas na dança até então. Neste mesmo ano lançou seu primeiro
vídeo didático. O primeiro de muitos, todos muitíssimo recomendados para quem
estuda a dança do Ventre. Em 98 lançou uma coleção com 17 vídeos didáticos, com
bailarinas convidadas de todas as partes do Brasil – todas alunas de Lulu e
naquela época já profissionais em dança. Durante muito tempo, quando o acesso a
aulas e a outros materiais didáticos sobre dança era muito limitado, os DVDs da
Lulu foram de grande importância para a formação de inúmeras bailarinas, muitas
das quais são hoje conceituadas. A partir destes DVDs a dança chegava aos
lugares mais distantes. Depois de mais de 25 anos de carreira, Lulu já lançou
cerca de 40 vídeos tutoriais e de apresentações nos quais explora técnica e
exibe um pouco de seu estilo de dançar.
Em 1998 organizou uma festa comemorando seus 15 anos de dança, no clube
Sírio Libanês em São Paulo. Desta vez contando com música ao vivo e um público
de 1300 pessoas.
Fez diversas viagens internacionais, tendo sido a primeira em 1982 para
os Estados Unidos, em busca de maior conhecimento e contato com novos
professores. Em 98 fez sua primeira viagem ao Egito e em 1999 iniciou um
processo de viagens internacionais, sendo o primeiro país visitado a Suécia,
como estudante. Começaram a surgir os primeiros contatos internacionais e
convites para trabalhar na Europa. Desde então ministrou cursos regulares nos
seguinte países: Argentina, Chile, USA, Canadá, Egito, Islândia, Noruega,
Suécia, Dinamarca, Portugal, Espanha, Itália, Áustria, Alemanha, França,
República Checa, Japão, Eslovênia, Reino Unido, Irlanda, México, Escócia
e todo território brasileiro.
Em 2000 nasce a ideia, junto com Jorge Sabongi, de criar um processo seletivo
para alavancar a qualidade e homogeneidade da dança em todo país. Criaram então
a Pré Seleção Khan El Khalili.
Hoje ela dirige a escola Shangrilah House, ministra aulas e produz
eventos e dá continuidade ao trabalho iniciado, criando seu próprio selo de
qualidade a partir de pedidos de bailarinas que primavam pela arte na avaliação
de suas danças.
Sua conexão com a dança é mais ligada a forma como a música é sentida no
Egito do que nos demais países árabes. Lulu faz movimentos bem pequenos,
batidas suaves e tudo é bem compacto. Sua dança é fluida, com
deslocamentos leves. Adora usar pivôs em baixo e médio plano, fazer oitos
laterais com quadril emendado com ganchos de perna. Dança perfeitamente com o
véu tradicional, com um incrível domínio. E se expressa de uma forma linda ao
dançar, com completa conexão entre música, expressão corporal e sentimentos.
Depois de 28 anos de dança continua fazendo aulas, se dispondo a
estudar. Uma grande mestre com a humildade de se dispor a aprender cada vez
mais, difundindo a ideia de que o estudo é para sempre. Fez aulas com
Sherahzad, Farida Fahmy, Mahmoud Reda, Rakia Hassan, Morroco, Ibrahim
Farah,Anahide Sophien, Ghassan Fadlahlah, Amany, Dina, Aida Nour, Souhair Zaki,
Mona Said, Najwa Fuad, Ibrahim Akef, Mr Farouk, Zaza Hassan, Ashraf
Hassan, Hassan Afifi, Shalaby, Gamal Seif, Khaled Seif, Momo Kadous, Shokry
Mohamed, Mohamed Shahin, Hussein, Mo Gedawi, Newen Ramez, Freizz, Ahmed Fekri,
Yousri Sharif, Mohamed Kasafy, Khaled Mahmoud, Randa Kamel, Lucy, Sahara Saeda,
entre outros.
Super aconselho a todos estudar com e como a Lulu. E assistir muitos e
muitos vídeos, shows e aulas! Sempre é possível aprender muito com ela!
Nascida com
o nome Abla (bint) Muhammad Karim, Taheya Karioca(Ismaïlia, 1915 - Caïro, 1999)
deixou sua família em Ismália após uma discussão com seu pai, Mohamed
Karim, quando contava de apenas 12 anos de idade e
pegou o trem para o Cairo. Aos 31 anos já era considerada uma lenda da
Dança Oriental. Herdou de seu pai o amor pela arte e os muitos casamentos. Seu
pai casou-se 7 vezes e mais tarde Taheya dobrou esse número!
Ela dançou
na maioria dos estados árabes e fez várias participações em filmes egípcios,
com famosas estrelas do cinema árabe, tais como o cantor e compositor Mohamed
Ahdelwahab e Farid Al Atrache. Lançou sua carreira cinematográfica em 1935,
tendo sido "La Femme et le Pantin" o seu primeiro filme. Fez mais de
120 filmes no decorrer de sua vida. Participou também de peças de teatro e de
novelas. O cinema e televisão fizeram de Taheya uma pessoa bem conhecida pelos
árabes.
Rara foto de Taheyya dançando com espada.
Estudou na
Escola de Dança Ivanova e, posteriormente, estudou na Mohammed Ali Street, no
Cairo, lugar equivalente a Broadway. Foi nomeada Karioca por sua conexão com a
dança brasileira, o samba. Depois de ficar fascinada por ritmos
brasileiros, ela perguntou ao derbaquista se ele poderia executar semelhante
batida em sua tabla. Assim como Mohamed Abdelwahad fez em suas composições, Taheya
introduziu ritmos latino-americanos em seu show. O samba era utilizado por Taheya
para executar seus passos no início de sua carreira, durante a década de 1930,
quando ela dançava no Badia'sMassabni Casino. A partir daí ela
se tornou conhecida como Taheya Karioca e o percussionista como Zaki Karioca.
A concorrência no Badia's Cabaret era dura, especialmente contra Samia Gamal
que também dançou lá no início de sua carreira.
A performance de Taheya era, normalmente, de 20 a 25 minutos, no
máximo. Mas sua fama cresceu rapidamente entre 1930 e 1940, de tal forma
que o Rei do Egito, Farouk, convidou-a para dançar em seu aniversário. Seu
estilo era totalmente diferente do de Samia.
Taheya era
uma mulher muito forte e determinada mas com uma dança delicada. Possui uma
técnica bastante sofisticada. Essas características fizeram o seu sucesso no
difícil mundo da dança do ventre, àquela época no Cairo. Ela era, sem dúvida, uma
das melhores bailarinas do Egito. Sua dança era fluida, com emendas perfeitas
que dificultam saber onde começa e termina determinada sequência. Possuía uma
postura de braços delicada e expressiva. Utilizava pouco espaço para executar
seus movimentos, mas sem perder a dinâmica da dança. Sua expressão era meiga,
sempre com um sorriso nos lábios. Ninguém conseguiu alcançar sua
virtuosidade, seu jogo de palavras, gestos e seu jeito irônico de flertar. Extremamente audaz, recusou-se a dançar para o
ditador turco Kamal Ataturk, o qual proibiu de entrar na
Turquia, também recusou-se a dançar para Nazli, rei do Egito.
Longe dos
palcos, a bailarina estava a frente de seu tempo, era ativista política e se
envolveu em diversas causas, o que custou, inclusive, a sua liberdade,
tendo sido presa durante a guerra, quando exerceu um importante papel -
foi responsável por grandes ajudas e donativos.
Taheya Karioca
foi casada 14 vezes. À lista dos seus homens estão incluídos o renomado ator
Rushdi Abaza, o cantor Muharram Fuad e, assim como Samia Gamal, ela também foi
casada com um americano convertido ao Islã. O casamento não durou por muito
tempo. Em 1963, abandonou a dança e montou um grupo de teatro. Sua
primeira peça foi sobre a lendária bailarina Shafiqa La Copta, que é
reconhecida como primeira bailarina de dança do Ventre a se apresentar em
público, em Paris, em 1917. Mais tarde, nos anos 70, ela retornou ao islamismo
ortodoxo.
Taheya
tornou-se um ídolo para russos, americanos, alemães, ucranianos, italianos, armênios,
holandeses e franceses. Todos ficaram atraídos pela sua inigualável mestria. Taheya
Karioca provou ser uma fonte de inspiração para uma geração inteira de novas
bailarinas.
Faleceu em 20 de setembro de 1999 com a idade de 79, de um ataque cardíaco. Diziam
que ela tinha metade de sua inteligência nos pés e a outra metade na cintura.
"Quando dançamos nos transformamos em um canal, nos conectando a cada pessoa que está na plateia, portanto tentar transmitir amor e alegria é o que procuro."
DVNF: Conte-nos um
pouco sobre sua trajetória na dança do ventre?
NP: Bem, sempre fui muito ligada à dança, desde que era
pequenininha! Meus pais sempre me incentivaram, até mesmo nas minhas loucuras!
Um dia eu estava em uma festa de réveillon na casa de uns amigos nossos que
tinha uma temática árabe... No meio da festa, de surpresa, entraram duas
bailarinas com candelabro! Lindas, maravilhosas! Fiquei anestesiada, e não
conseguia entender de onde vinha tanta feminilidade, acabei me emocionando!
Desde então, sai procurando lugares que pudesse fazer aulas na cidade onde
morava... Porém, além de ser muito difícil encontrar, meus horários não batiam.
Até que ouvi dizer sobre uma moça que estava dando aulas no salão de festas de um
prédio e, no dia do meu aniversário de 16 anos, fiz a minha primeira aula de
dança do ventre! Lembro até o cheiro do lugar, o rostinho de cada menina, e a
ansiedade que eu estava sentindo... Queria aprender tudo de uma vez! Era tudo
tão lindo!
Minha primeira apresentação foi com 3 meses de dança, e foi uma super surpresa
de aniversário pra minha mãe querida! Apesar de não conhecer quase nada, e não
ter quase nenhuma técnica ainda, foi uma das danças mais emocionantes da minha
vida!
Então, fui fazer intercambio no Canadá, e procurei pela dança lá também...
Aprendi bastante coisa por lá. Estilos diferentes, fusões... E lá eu conheci um
pouquinho do Tribal Fusion, que também é uma vertente lindíssima da dança do
ventre!
Quando voltei, minha professora teve que ir embora para São Paulo para se
especializar... Fiquei sem ter aonde ir... Fiz aulas em outros lugares, mas não
era a mesma coisa. E parecia que eu precisava de mais, cada vez mais! Foi ai
que, vendo vídeos na internet, conheci a minha segunda mãe... Juliana
Marconato! Estava na época dos vestibulares, e então decidi que ia largar tudo
e fazer faculdade em Araraquara pra poder respirar a dança com uma das melhores
professoras e bailarinas do mundo! E foi aí que tudo foi mudando... Meu jeito
de ser, de tratar as pessoas, minha emoção na dança, meu carinho e respeito
pela vida, tudo! A Ju estendeu a mão para mim, viu um potencial lááá no fundo, e
decidiu que ia me ajudar. Só tenho a agradecer a esse anjo que apareceu na
minha vida!
Lá foi onde tudo tomou forma... As apresentações estouraram, comecei a dar
aulas e seguir uma filosofia maravilhosa que a Ju passa para todas as meninas
da escola!
Já houve várias conquistas, várias emoções, vários sorrisos... Tenho certeza de
que ainda tenho muito a aprender, a dança é uma busca constante, nunca podemos
parar! É linda demais e possui tantos mistérios que ainda podemos desvendar!
Por isso sempre digo: nunca desistam dos seus sonhos! Nós podemos ser quem nós
quisermos ser! Basta lutar, e ir atrás deles, por mais altos que eles pareçam
ser!
DVNF: Quais foram as
professoras que mais marcaram o seu aprendizado e por quê?
NP: Posso dizer que 2 professoras marcaram a minha vida na
dança, as quais iluminaram o meu caminho, sem sombra de dúvidas!
Marilia Magalhães, minha primeira e linda professora... Que me ajudou bastante
no começo do meu aprendizado! Uma pessoa maravilhosa, dedicada, e muito
especial! Apesar de todas as dificuldades na época, tanto ela para dar as aulas quanto eu para fazer, ela soube me mostrar o caminho com muito carinho!
E, é claro, Juliana Marconato! Minha diva, inspiração, minha mãe de dança,
minha estrela guia! Quem acreditou no meu potencial, e me ajuda sempre a
superar meus limites! Quem me mostrou a verdadeira essência da dança do ventre,
e beleza de ser mulher! Quem me fez apaixonar ainda mais por essa arte
maravilhosa, e melhorar como bailarina e como pessoa!
Porém tiveram mais 2 pessoas que marcaram meu aprendizado, mesmo não sendo
professores... Meus lindos pais! Que nunca me deixaram desistir e seguraram a
minha mão nos momentos de mais aflição! Se não fosse por eles, com certeza não
estaria aqui hoje!
A todas essas pessoas sou eternamente grata! Moram no meu coração!
DVNF: Quais as suas
inspirações na dança?
NP: Em primeiro lugar... Juliana Marconato! Não só na dança,
mas em filosofia de vida!
Mahaila El Helwa, Kahina, Elis Pinheiro, Shirley Salihah que tem uma didática
impecável, uma dança linda, e é um amor de pessoa! Não podemos esquecer Lulu Brasil, se não fosse por ela, não estaríamos aqui hoje! Aziza Mor Said, Nagla
Yacoub que é um exemplo de vida e de dedicação, Randa Kamel, Aida... etc...
Tantas bailarinas me inspiram, cada uma com um toque especial... Não tem como
citar todas elas! Cada bailarina que eu assisto, tem algo novo para passar!
Todas são inspirações!
DVNF: Como você busca
se aprimorar? Como é enquanto estudante?
NP: Assistir vídeos é um dos instrumentos que uso para
estudar.
Cada bailarina, cada dança, cada movimento tem uma história e um sentimento diferente...
Nenhuma é igual à outra! Acho importante diferenciar esses estilos. Cada
bailarina usa as sequências que mais gosta, e estão sempre inventando coisas
novas.
Dançar em casa também é muito bom... Quando estiver sozinha, só você com sua
alma! É bom pra desenvolver seu próprio estilo, colocar suas próprias emoções
em cada movimento!
Escutar bastante música, e prestar atenção no que ela tem a dizer. Escutar cada
instrumento, prestar atenção em cada nota e cada melodia. Faz com que nos
conectemos com ela, até que a música e nossos sentimentos se tornem um só!
Fazer aulas com professoras diferentes... É claro que as alunas pegam os
trejeitos de suas professoras principais, é inevitável! Com o tempo, com
conhecimentos novos, vamos encontrando, aos poucos, nosso próprio estilo. Fazer
workshops pode colaborar!
Assistir seus próprios vídeos também é ótimo para apontarmos o que precisamos
melhorar sempre! Para vermos quantas coisas lindas somos capazes de fazer, e
quantas ainda devemos aprimorar.
DVNF: Quais
benefícios você pôde perceber da dança em sua vida?
NP: Nossa, são tantos!
Primeiro os físicos... Minha postura mudou completamente, passei a prestar mais
atenção no meu corpo e não fazer mais tão mal a ele. Parece que o corpo muda,
ficamos mais mulheres, mais elegantes, mais bonitas! Sem contar aquela sensação
de bem-estar quando se termina uma dança, do corpo latejando de alegria!
E o mais importante... Interiormente! Eu era uma pessoa muito fechada, tímida,
não conversava com as pessoas, e achava que todo mundo era malvado. Com a dança
pude me soltar mais, me sentir mais livre, mais eu! Percebi que as pessoas não
são más, nós julgamos errado. Tudo o que acontece do lado de fora, é um reflexo
do que acontece dentro de nós. Só precisamos mudar nossas atitudes e nossos
pensamentos para que as coisas venham até nós, e o mundo fique mais bonito!
A dança me fez mais feminina, mais mulher. Melhorou minha auto-estima, meus
relacionamentos com as pessoas, principalmente com os meus pais!
Passei a enxergar mais o lado positivo das coisas e das situações, não ter medo
de demonstrar meus sentimentos, e não ter medo de lutar pelos meus sonhos! Ser
uma pessoa mais calma, e paciente. Uma pessoa mais flexível, entendendo que
temos que nos adaptar as circunstancias, e não as circunstancias a nós!
Posso dizer que existe uma Natália antes da dança, e uma Natália depois da
dança! Uma Natália muito, muito, muito melhor! Mais segura de si, mais amável,
mais mulher, mais corajosa, mais pura!
DVNF: O que você mais
aprecia nesta arte?
NP: Aprecio a forma com que a alma se conecta com o corpo, e
tudo vira uma coisa só! Como ativa a sensibilidade da mulher, e melhora as
pessoas por completo, no físico e na forma de espirito! Aprecio a linguagem
dessa dança, a maneira que a bailarina se torna o instrumento, e se deixa levar
pela música. Como a feminilidade pode ser resgatada através dela. A união que
ela pode proporcionar entre as mulheres, e a força que pode gerar! Aprecio a
dança do ventre como um todo, acredito que seja um conjunto de tudo o que há de
mais belo no mundo que se mistura e entra no corpo da bailarina para que ela
possa ser um canal e passar todas essas coisas belas para as outras pessoas.
DVNF: Há algo que
você considere prejudicial ao cenário da dança atual?
NP: A dança do ventre é muito feminina, e quando mal
direcionada pode mexer com o ego da mulher, gerando a competitividade. Quando a
auto-estima está afetada, a insegurança toma conta da bailarina, fazendo com
que ela se sinta ameaçada pelas outras e trazendo sentimentos de inveja que
acabam sendo auto-destrutivos. A arte tem que ser uma troca de conhecimentos e
essa competitividade atrapalha o desenvolvimento da dança.
Outro fator que considero prejudicial é a falta de valorização do profissional
da arte no geral. Por pouca divulgação da cultura, e a visão que, por mais que
tenha diminuído, ainda existe, de vulgarização da dança. Por isso a
profissional deve sempre saber se colocar e ter uma certa postura, a dança do
ventre não faz parte de nossa cultura, por isso devemos ter respeito ao passar
adiante seus conhecimentos.
DVNF: E algo
prejudicial ao desenvolvimento individual durante o aprendizado da dança? O que
seria?
NP: Acredito que o medo é uma barreira para o avanço em
qualquer situação. Parece que temos medo de brilhar, de nos abrir! Às vezes
olho para as meninas que vem fazer o primeiro dia de aula, todas elas tímidas,
fechadas, com medo daquela experiência nova... A postura delas fica diferente,
os movimentos ficam pequenos, porque todas aquelas couraças internas se ativam.
Criam idéias e lixo mental do tipo: “eu não levo jeito”, “sou dura!”, “mas vai
estar todo mundo olhando pra mim”. O
medo do soltar-se limita a dança, e cria uma barreira para a conexão com a
música, é preciso se libertar!
A ansiedade também é uma coisa que pode prejudicar bastante. Quando começamos a
dançar, achamos que vamos dormir e depois acordar sendo uma bailarina
profissional de grande calibre, e isso não acontece, podendo gerar certas
frustrações. Nesse caso, precisamos parar e entender que uma flor leva um tempo
pra desabrochar... Umas levam menos, outras levam mais. É fundamental entender
que tudo faz parte de um processo de amadurecimento!
E aí pode também vir o ego excessivo... Humildade é essencial em todas as
etapas da dança, seja iniciante, profissional, avançado, não importa. A dança é
uma busca constante, e seria errado pensar que sabemos tudo. Elogios e criticas
vão existir, só precisamos nos policiar para não deixar que o nosso ego suba a
cabeça. Cada um é cada um, e ninguém é melhor do que ninguém!
DVNF: Houve alguma
indignação ou frustração durante seu percurso na dança?
NP: Não que eu me lembre! De qualquer forma, prefiro pensar
que tudo o que acontece é para o nosso crescimento, e se uma coisa não deu
certo hoje, paciência...
A dança não está aqui para nos frustrar... Muito pelo contrário! Tudo que tem
um lado ruim, também possui seu lado bom... Cabe a nós escolhermos qual seguir!
DVNF: E conquistas? Fale-nos
sobre elas.
NP: Primeiramente ter vindo me especializar em Araraquara já
considero uma conquista. Vir parar em outro estado me fez crescer bastante,
tanto na dança quanto como pessoa.
Em 2011 participei do meu primeiro concurso, o Solo Amador do Mercado Persa,
ganhando em primeiro lugar. Foi uma experiência maravilhosa, extremamente
emocionante! Até hoje, quando assisto ao vídeo, é como se eu vivenciasse aquilo
tudo de novo.
Em Janeiro deste ano, tirei a minha carteira profissional DRT a qual me
permite dar aulas profissionalmente, abrindo um leque maior de oportunidades.
Tenho pouco tempo de dança, portanto não tive tantas conquistas, mas as poucas
que tive foram bastante significativas e espero continuar tendo muitas e muitas
outras pela frente!
DVNF: Percebi em sua
aula que você realiza um trabalho no sentido de desenvolver um ambiente harmônico
e de possibilitar que as pessoas se sintam bem e felizes, que possam exercitar
o amor! Como é o desenvolvimento desse trabalho e como você percebe a
influência disso na vida e na dança de suas alunas?
NP: A dança tem como prioridade nos fazer sentir bem e
felizes! A intenção é formar um ambiente harmonioso entre as alunas, evitando
que o ego tome conta. Quando estamos conectadas com o nosso feminino interior,
nos amamos e nos aceitamos como nós somos, deixamos os julgamentos de lado, e
passamos a enxergar o lado positivo das pessoas e das situações, sem ego, sem
comparações. Uma sala de aula em que as alunas estão em sintonia e harmonia umas com as outras rende mais! Elas prestam mais atenção no seu próprio movimento e
procuram se aperfeiçoar ao invés de se comparar com as outras colegas. Cada
corpo é diferente, cada uma tem seu tempo e sua dificuldade!
Sempre ao final de cada aula procuro passar uma mensagem ou passar algum
exercício que envolva compaixão e amorosidade. As pessoas precisam disso, de
amor!
A dança delas fica mais pura, mais leve... Montar coreografias fica mais fácil,
porque elas estão em sintonia, elas se sentem melhor em relação a elas mesmas,
mais seguras. É muito gostoso ver o brilho nos olhos delas quando termina a
aula, uma sensação de dever cumprido!
Nós professoras devemos sempre pensar que estamos ali para sermos um canal de
alegria para as meninas, faze-las se sentir bem é o objetivo! Portanto, todas
as preocupações, todos os medos, todas as cargas do dia-a-dia devem ser
deixados da porta para fora! Nossa vida pessoal jamais deve ser jogada nas
costas de nossas alunas!
DVNF: Como é a sua
expressão por meio da dança?
NP: Acredito que quando dançamos nos transformamos em um
canal, nos conectando a cada pessoa que está na plateia, portanto tentar
transmitir amor e alegria é o que procuro. Costumo imaginar que das minhas mãos
posso liberar energia, e esta passa para todas as pessoas que estiverem ali sintonizadas.
É preciso ter força interior e sentimento! Acho que essa é a etapa mais importante,
e talvez a mais difícil de concluir. Uma dança para ser completa deve ser 50%
técnica apurada e 50% sentimento e contato bailarina x música. Uma dança sem
sentimento fica oca, e vira um corpo se movimentando simplesmente, sem
expressão corporal!
É importante falar com o corpo! Tentar mostrar através dos movimentos o que a
música está tentando passar. Cantar, sentir, emocionar e tocar com o próprio
corpo, como se música e bailarina fossem um só!
DVNF: Você conseguiu
desenvolver, em relativamente pouco tempo, uma dança muito bonita, criativa e
expressiva que vem se destacando em nosso meio! O que você considera que tenha
sido seu diferencial nesse processo?
NP: Estar no momento certo com as pessoas certas! Pessoas
que puderam me mostrar o que eu tenho de melhor, e me lapidar da forma mais
refinada possível!
Não posso dizer que é um mérito somente meu, procuro sempre me aperfeiçoar, é
claro... Até hoje! Mas todas as pessoas que passaram por mim nessa jornada
colaboraram para o meu crescimento, tanto profissional como pessoal também!
Acredito que ter aprendido que a dança não é só uma porção de movimentos
bonitos, não é só um corpo balançando, e sim uma mistura de vários sentimentos
também acrescentou bastante! E os ensinamentos que aprendi sobre amor-próprio e
feminilidade deram um certo toque especial. Na verdade todas as mulheres têm
isso dentro delas, é só se deixar levar!
Saber escutar as críticas construtivas, e utilizá-las de forma que irão nos
favorecer. Dedicação acho que é a palavra certa para um bom desenvolvimento...
E nunca acreditar que já se sabe tudo! A dança é uma busca constante, que está
sempre em transformação, ninguém é perfeito, e ninguém sabe tudo... Entender
isso é se soltar do ego, e sempre se melhorar cada vez mais!
Todas podem conseguir, todas podem ser o que quiserem ser... Basta lutar por
isso!
DVNF: Quais as dicas
você daria para aquelas que desejam se profissionalizar em dança? O que é
importante buscar?
NP: Ter uma boa professora e um bom direcionamento é
fundamental! A professora é quem dá o caminho e a direção! Normalmente nos espelhamos
nelas e seguimos seus exemplos, portanto é sempre bom ter do lado alguém que te
passe coisas boas e te incentive ao máximo. Também diria que estudem... Estudem
bastante! Corram atrás de aulas, workshops, cursos, buscando cada vez mais um
pouquinho aqui e ali e formando sua bagagem aos poucos. Mas não se esqueçam de
agregar sentimento em tudo o que fizerem.
Também é extremamente importante saber ser profissional! E saber ser
profissional não é só na hora da apresentação, em relação á técnica, roupa,
maquiagem... Ser profissional quando não se está em cena é fugir de fofocas,
saber o momento certo de falar e o que falar. Ser profissional é ter ética e
não criticar outras bailarinas, por mais que suas opiniões sobre tal não sejam
as melhores, às vezes é melhor guardar para si mesma. Ser profissional é saber
tratar bem as pessoas, e de preferência igualmente, principalmente suas alunas
e as pessoas que te tem como ídolo. Tenham em mente que a partir do momento em
que sua dança se torna reconhecida e apreciada, você vira um exemplo! E as
pessoas passam a te ter como um espelho! A maneira em que você age fora do
palco é a que importa para ser uma profissional de verdade!
DVNF: Falando agora
sobre o palco, como você se prepara para uma apresentação?
NP: Um bom alongamento para aquecer é muito importante para
a preparação física em si! Mas além da preparação física, é crucial que nos
preparemos psicologicamente! Existem pessoas que sentem uma ansiedade e um medo
muito forte antes de entrar para dançar. Às vezes nos preocupamos muito com o
que as pessoas vão achar da nossa interpretação, dos nossos movimentos, e
esquecemos que o mais importante ali é se conectar! O medo impede que nos
conectemos verdadeiramente com a música! Costumo respirar fundo antes de
entrar, e prestar atenção no meu corpo, meus batimentos cardíacos, me sentir
mulher, e repetir mentalmente que eu sou linda, é bom para a nossa auto-estima...
Ouvir a música algumas vezes antes, e escutar o que ela quer me dizer, como eu
poderia interpreta-la emocionalmente! Esquecer as critica é um bom começo.
Quando dançamos, compartilhamos nossos sentimentos e nossa energia com as
pessoas na plateia, estamos ali para semear o amor e passar felicidade, não
medo e insegurança! Procuro pensar que estou representando todas as mulheres do
mundo naquele momento, e que eu sou luz!
Uma dica: curtam sua dança, acima de tudo!
DVNF: Conte-nos sobre
um momento inesquecível. Qual foi a sua melhor experiência?
NP: Cada dança é inesquecível! Sempre tendo sua história
para contar.
Porém teve um momento que marcou a minha trajetória na dança: quando fiz o meu
primeiro solo! Eu tinha 3 meses de dança, sem técnica nenhuma e era muito tímida.
Naquele ano era aniversário de 40 anos da minha mãe e meu pai queria fazer uma
surpresa pra ela. Desde quando comecei a dançar, a família inteira ficou
envolvida pela paixão à cultura e dança árabes, por conta disso ele me pediu
para fazer uma apresentação em homenagem a minha mãe. Pedi ajuda para minha
professora montar uma coreografia bem bonita e fiquei algumas semanas
ensaiando todos os dias.
Na festa tive que me esconder para trocar de roupa sem que a minha mãe pudesse
ver e, justo nessa hora, ela resolveu me procurar! Perguntou a todos os meus
amigos, familiares, conhecidos, ficou desesperada! Então meu pai pegou o
microfone e a chamou, dizendo que tinha uma surpresa muito especial enquanto
soltava a música. Esse foi o momento mágico em que todos se emocionaram,
inclusive eu. Por mais que não tenha sido a dança tecnicamente perfeita, foi um
compartilhamento de energia muito forte, tinha um significado muito forte! Com
certeza um momento que irá ficar guardado para sempre na minha memória!
DVNF: Você trabalha
somente com dança?
NP: Bem, estou cursando faculdade de Fisioterapia, me formo
no final do ano que vem. Acho que toda professora deve ter pelo menos uma noção
básica de anatomia humana, para tomar certos cuidados e não prejudicar a saúde
de suas alunas. Ainda não trabalho com Fisioterapia, nem pretendo ter essa
profissão como principal na minha vida. A faculdade seria mais para um
complemento de informações que possa me ajudar nas aulas e nas preparações
antes de uma apresentação! Pretendo trabalhar só com a dança sim, tendo a Fisioterapia
como um diferencial.
DVNF: Quais seus
projetos para o futuro?
NP: Não costumo criar muitas expectativas para o futuro,
embora tenha o sonho de montar minha própria escola na cidade onde morava (Vila
Velha –ES) para que eu possa compartilhar de todo esse conhecimento que estou
tendo a oportunidade de adquirir. Ter a oportunidade de passar adiante a
verdadeira essência da dança do ventre, resgatando a feminilidade e a auto-estima
da mulher. Tenho muitas idéias para concretizar, porém ainda estou no momento
do aprendizado focando no presente, mas futuramente pretendo colocar todos os
meus objetivos em prática!
DVNF: Deixe um recado
para os leitores do blog.
NP: Primeiramente quero agradecer a todas as pessoas que
leram essa entrevista, e dizer que todas vocês, que procuram se
profissionalizar, ou até mesmo que usam a dança como um hobby, que vocês podem
conseguir! Nunca desistam de ser mulheres, nunca desistam de fazer o que faz
vocês felizes, e nunca se esqueçam do quanto vocês são lindas!
Obrigada pela atenção, obrigada pelo carinho, obrigada pelo incentivo, por
tudo!